Talvez porque me dou relativamente bem comigo próprio e, sem ser o que se chama bisonho, o meu grau de sociabilidade é baixo, sou mau conviva em grupos, festas ou celebrações, desnorteiam-me as conversas em que as pessoas falam em simultâneo de ninharias.
Também sempre fui de poucas visitas, e essas limito-as ao que pede o mínimo das conveniências.
As linhas atrás iam ser intróito a um desabafo azedo e injusto, iam magoar gente boa cheia de boas intenções e que, ao contrário das minhas idiossincrasias, gosta de visitar, conviver, festejar. Gente que traz alegria e entusiasmo, que gosta de partilhar, tem curiosidade de ver, aprender, enfim, pessoas que participam, fazem rodar o mundo, tornam possível que sujeitos como eu se sintam bem na preguiçosa e pouco útil actividade de observar.
Contudo, há sempre um contudo, nos trinta e três dias desde que cheguei à aldeia vai nos vinte e um o número das visitas. Treze vieram em grupo, ficaram três dias, espalhados por várias casas, graças a Deus. Tudo boa gente, acreditem. Gente de que gosto. Simpática, bem comportada, alegre, carinhosa, agradável. Daqui a umas horas chegam mais três desses e vão ficar uma semana!
Haverá por aí alguém que se dê conta da minha idade e do meu desejo de solidão?