Que ninguém se aflija ou irrite, se zangue, comece com insultos e a chamar--me nomes, pois como todos (todos?) os meus semelhantes quero ser um poço de compreensão. Creio até que exagero no anseio de compreender. Que alguém me explique as suas razões e logo eu as subordino às minhas, um nada basta para que me flagele pela desastrada maneira que tenho de rir em vez de, sossegadamente, me imaginar na pele alheia.
Costumo repetir aquela frase de samba que diz "pau que nasce torto fica torto", e como nasci torto não é agora que vou mudar.
Mas oiça, chegue cá, não é preciso berrarmos estas coisas. O homem é holandês, tem sessenta e oito anos, chama-se Jan Jansen e goza de fama como designer de sapatos. Quando estou em Amsterdam, ele tem lá loja, se me acontece encontrá-lo desvio o olhar, ponho cara de pau. O que é que você faria? Estou certo de que não ia rir. Fico contente. Prova que também compreende.