Há estatísticas, para tudo as há, mas falta-me paciência para ir procurá-las, e neste caso basta-me o que oiço. Vem isto de há muito, mas nesse tempo a fenómeno afligia-me menos e deitava-o eu à conta da simplicidade da vida de então, do analfabetismo e das condições em que se vivia. Mas hoje tudo são belas escolas, rádios, televisões, montes de jornais, montanhas de revistas e, contudo, ora me faz rir, ora me assusta, a pobreza do vocabulário com que, para falar à moderna, as pessoas interagem.
Anunciando talvez o futuro, já me aconteceu noutro país ter tido estudantes que quase exclusivamente se exprimiam de forma não verbal, com Ughs e Achs, Pffs, Sshhit, Buhh, mas pelo que observo há por aqui gente de estudos cuja linguagem me leva a temer que aquilo que dizem, e como o dizem, traduz um assustador vazio. Todos se afirmam envolvidos em projectos que são um verdadeiro desafio; têm trajectos; começam e terminam as frases com um "Pronto!". O riso tanto lhes serve para exprimir aceitação como discordância, e com "gajo", "coisa", "foda-se!", "bordamerda" e que tais, escondem mal os buracos do raciocínio.
Recordo ter lido que o falante se serve em média de dois mil vocábulos, mas isso foi nos longes do século passado. Hoje, avaliando pelo que oiço, pergunto-me se chegarão aos duzentos.