quarta-feira, junho 3

Fome, Peste e Guerra

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Logo de pequeno muitas vezes ouvi que os maiores flagelos da humanidade eram, por esta ordem, a Fome, a Peste e a Guerra.
Com o último cedo me familiarizei, pois as guerras eram constantes, mas felizmente longe como na Espanha e na Abissínia. No que respeita a Peste, nascido em 1930 sou do tempo do tifo, da tuberculose, da pneumónica, da sífilis, da malária, das várias gripes, e felizmente a  todas escapei.
Por muito assassinas e terríveis que tenham sido nenhuma teve o impacto mundial que a internet deu a esta última, em que o número de mortos e infectados é utilizado para aterrorizar e levar à histeria os que receiam a infecção, circunstância que os governos já aproveitam e exploram, preparando uma sociedade maleável, debilitada, de cidadãos assustados a viver no receio de que os acusem de não ser solidários nos cuidados, que sem revolta aceitam já imposições que os rebaixam à categoria de títeres, e escassos três meses atrás pareceriam impensáveis, tanto pelo ridículo como pelo absurdo da imposição.
Quem, em Fevereiro passado, aceitaria que lhe tapassem a cara? Que lhe espetassem um termómetro? Que lhe proibissem todas as manifestações de carinho, amor e ternura? De se aproximar dos que lhe são queridos? Que tivesse de provar a sua saúde antes de entrar no café e no restaurante? De se se manter afastado dos seus amigos?
Receio bem que as imposições decorrentes desta Peste vieram para ficar e preparam o caminho para outras mais severas. Mas talvez elas sejam apenas um compasso de espera no aguardo do terceiro flagelo.
Ai de nós, então, quando a Fome nos fizer desejar o tempo do coronavírus.