De facto, fosse eu vidente e muito me pouparia de desmandos, passos em falso, de a mim próprio trocar as voltas e de que confundam com más (que só de vez em quando tenho) as minhas boas intenções.
Assim acontece que,
desejando tornar conhecido o apreço e o júbilo que me causa a emancipação feminina,
particularmente notável num desenvolto e muito viril emprego do vernáculo, me
vejo ironizado aqui, incompreendido além, informam-me de lágrimas secretamente
vertidas em consequência dos meus desmandos.Para o mal feito não tenho remédio,
e as promessas, minhas ou alheias, valem o que valem, mas sempre que conseguir
manter-me nas estribeiras prometo que deixarei de usar a palavra
"gaja" ou o seu plural, a não ser em casos extremos, como faca na
garganta.
Porque me fazem saber que
involuntariamente a magoei, e como, nem de longe, seria esse o meu intento,
quero deixar aqui testemunho da deferência que me merece a gentil Senhora (com maiúscula, pois então)
que dá por "sexinho" e tem morada em www.osexoeaidade.com.
Deferência e mais, porque
há anos lhe sigo regularmente a prosa e as andanças de que dá conta, a graça
com que narra as suas férias, o cómico dos seus literais apertos com vestidos
de múltiplos botões nas costas, a vasta colecção de kits que guarda de inúmeras viagens transcontinentais.
Mas então não é que me
maltratam, e a própria Senhora o sublinha, que maldosamente aludi a uns Louboutins que não usa e passei por alto
a sua menção de O Dia Mundial da Doença de
Alzheimer?
De facto para os Louboutins não encontro desculpa, mas com
a doença de Alzheimer a coisa muda de figura. Talvez "Sexinho" o
ignore, mas mau grado excelente saúde, na minha idade não basta dizer tarrenego
ou abrenúncio, a probabilidade é grande
que, sussurrando "Alzheimer!",
a memória me comece a falhar e eu deixe de reconhecer a companheira de cinquenta
e tal anos. E isso creio que ninguém mo deseja.
Termino. Gostaria, e assim
espero, ter satisfeito gregos e tróianos, ter disperso névoas, deixar prova da
admiração que "Sexinho" em particular me merece e, já agora, tornar
essa admiração extensiva a todas as "gajas" do actual e antigo Portugal
daquém e dalém mar.