sexta-feira, setembro 5

O êxtase

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Êxtases. De Santa Teresa de Ávila à muito nossa Alexandrina Maria da Costa, a santinha de Balasar; das amantes de Casanova aos dervixes turcos que a rodopiar o atingem; da esposa do senhor Anastácio às fãs de One Direction, não falta quem tenha sentido as tremuras que em simultâneo elevam a febre do corpo e fazem voar o espírito.
De modo geral essa benesse parece reservada ao sexo feminino, enquanto o pobre macho, a quem Dalton Trevisan ironicamente chama "O Rei da Terra", tem de se contentar com um espasmo tão breve que quando chega já findou.

Acontece-me querer tratar de um assunto que me interessa, e de seguida, por  razão de qualquer defeito da minha construção cerebral, destrambelho.
Aí atrás ia meter-me em curvas arriscadas, quando o meu intento era bem mais modesto: desconstruir (como agora se diz e até na culinária se usa) ou pelo menos minimizar essa elevação.
Pacientem comigo, mas não acredito em êxtases. Se momento há que se lhe assemelha, não é sexual (improvável a dois) e do espiritual só conheço o que leio ou oiço de fontes duvidosas.
O êxtase a que eu acho que nós, simples mortais, podemos, ou até devemos, aspirar, é aquele momento de satisfação entre o fim da ceia e a ida para cama.