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Êxtases. De Santa Teresa
de Ávila à muito nossa Alexandrina Maria da Costa, a santinha de Balasar; das
amantes de Casanova aos dervixes turcos que a rodopiar o atingem; da esposa do
senhor Anastácio às fãs de One Direction,
não falta quem tenha sentido as tremuras que
em simultâneo elevam a febre do corpo e fazem voar o espírito.
De modo geral essa benesse
parece reservada ao sexo feminino, enquanto o pobre macho, a quem Dalton
Trevisan ironicamente chama "O Rei da Terra", tem de se contentar com
um espasmo tão breve que quando chega já findou.
Acontece-me querer tratar de um assunto que me interessa, e de seguida, por
razão de qualquer defeito da minha construção cerebral, destrambelho.
Aí atrás ia meter-me em
curvas arriscadas, quando o meu intento era bem mais modesto:
desconstruir (como agora se diz e até na culinária se usa) ou pelo menos minimizar
essa elevação.
Pacientem comigo, mas não
acredito em êxtases. Se momento há que se lhe assemelha, não é sexual (improvável
a dois) e do espiritual só conheço o que leio ou oiço de fontes duvidosas.
O êxtase a que eu acho que
nós, simples mortais, podemos, ou até devemos, aspirar, é aquele momento de
satisfação entre o fim da ceia e a ida para cama.