Escuta. Depois poderás sorrir, ironizar, aceito mesmo que duvides da seriedade com que te falo ou do estado do meu juízo . Não te apresses a julgar, de facto é como há pouco dizia: deixei de ter idade.
Tu, longe dos meus muitos anos, terás de aceitar a
premissa, aceitar também que o que sei e sinto não se aprende em livros, resulta
da experiência que para cada um de nós é diferente, desirmanada, única. E que
quanto mais longa se torna, mais estranha parece, pelo que de bom aviso são os
idosos que escondem o que pensam e
sentem, perpetuando a ficção das gerações, a qual, além de agradar ao comum,
oferece o descanso de manter cada macaco em seu galho.
A realidade é que não há velhos, só desistentes da vida:
os que aos trinta anos calculam a reforma, aos quarenta jogam golf, dos
cinquenta em diante temem o coração e a próstata.