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Espírito inocente, mau grado um doutoramento em Filologia
Clássica, solteirona, corpulenta, vivaz, D. Rosa que Deus tenha veio muitos
anos passados de visita a Amsterdam, no
seu pitoresco dizer, “a primeira incursão à estranja”.
Com ela visitámos os canais, os museus, os moinhos, os campos
de tulipas, Marken, Volendam, o Palácio da Paz em Haia, as ruas de Delft, e
mais, cansativamente mais, para quem como nós, passado meio século já vezes
sem conta fez de guia.
Comemos com pauzinhos no Nam Kee, com garfo e faca os trinta e dois pratos de Rijsttafel da incomparável cozinha
indonésia do Tempo Doelo. Comemos
arenque cru. Fizemos como Ramalho Ortigão quando aqui esteve, e fomos beber
genebra ao diminuto Wijnand Fockink.
Levámo-la a jantar ao clube literário Arti
et Amiticiae, onde Ramalho também jantou, e onde noutra ocasião tínhamos
convidado Saramago.
Foi já na sobremesa que D. Rosa, a modos de puxão de
orelhas, disse que lhe tínhamos mostrado
muita coisa, mas não o que ela gostaria tanto de ver.
- A Biblioteca? A Casa de Anne Frank? A Casa de Rembrandt?
- As mulheres. As tais.