Só o conheço de vista e, talvez por isso, quando o encontro sempre tenho de sorrir, tão visível é o esforço que faz para que o tomem pelo que quer aparentar. E o que ele quer aparentar é o professor inglês de meia idade, ligeiramente desleixado, usando fatos dum tweed tirante a verde, pullovers de lã grossa à moda dos anos trinta, sapatos daquele vermelho que hesita entre o roxo e o sangue de boi. Num fingimento de excentricidade que se lhe tornou natural, ao caminhar olha vagamente em frente e sorri, ao mesmo tempo que mexe os queixos como quem masca. De vez em quando tropeça. Se alguém de repente se lhe dirige, dá a impressão de não ter ainda acordado.
Já mo quiseram apresentar, mas não aceitei, porque se o conhecesse pessoalmente com certeza compreenderia os seus tiques e acabaria por matá-lo : não como pessoa, mas como personagem.