Carta de minha mãe (*) o ano passado. Que estava à noite a ver a televisão e de repente teve a surpresa de lhe aparecer o filho no ecrã.
Eu não lho tinha dito, para que, no caso do programa não ser transmitido, lhe evitar a desilusão. Mas alegrou-se ela, alegrou-se o povoado. Só que, de tão confundida com o ver-me inesperadamente, não foi capaz de ouvir tudo o que falei. Contaram-lho depois os vizinhos.
Todavia, como por milagre, ouviu perfeitamente que eu disse que queria ser enterrado na aldeia. E num inconsciente acesso de humor negro, acrescenta esta novidade: 'Por acaso andam a aumentar o cemitério'.
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(*) Quase centenária, continua em seu juízo, lê sem óculos.