O relato da viagem vai devagar porque são demais os contratempos, é incrível como custa repor a funcionar uma casa depois de um ano de ausência. Mas o prometido é devido e a altura chegará, só que por vezes o caso do dia como que faz parar tudo, tão desagradável e inesperado é o choque.
O BMW muito topo de gama parou junto da bomba de gasolina onde eu estava a encher, o cavalheiro saiu, veio para o meu lado, irreconhecível devido à máscara, uma barba de profeta, cabeleira idem, e nesta um curioso chapéu que se diria de cowboy. Finalmente vi quem era, homem que conheço há uns quarenta anos, fizemos aqueles gestos que agora são os tele-abraços, e reparei que no carro estava uma figura feminina que julguei pudesse ser uma filha, e isso me levou a perguntar pela esposa. E ele, com um daqueles sorrisos de satisfação dos grandes momentos, dá uma gargalhada que quase o sufoca: "Arranjei outra!"
As aparências enganam, e muito. Nunca eu suspeitaria que no homem comedido, com aparência de excelente pai de família, se escondia o D. Juan clássico que muito à portuguesa não tardará a ser depenado, só porque no Outono da vida se quer oferecer o que julga que o dinheiro compra. "Arranjei outra!", todo um programa.