Tivesse eu bom senso ficava quieto meu canto, acharia divertimento bastante ter visto os convivas hoje ao almoço no restaurante, sobretudo a mesa onde um cavalheiro e cinco damas, todos com a máscara no seu lugar, muito agitados na conversa e nas risadas, soprando e aspirando como se fossem garotos numa brincadeira, parecendo que até lhes custava livrar-se da protecção quando a comida chegou. Mas não, já minha Mãe dizia que eu andava sempre à procura de lenha para me queimar, e se agora não é questão de traquinice, sempre estaria mais sossegado se em vez de ler o livro de Manuel Monteiro virasse os olhos e o pensamento para os montes que tenho defronte e deixasse de me entristecer com a humanidade que, ela sim, parece que nunca descansa no anseio de arranjar lenha para se queimar.