Há-de haver uns catorze anos que vi o meu primeiro moinho
de vento - aerogerador é chique, mas perde a conotação com Dom Quixote - num
local inesperado, a fronteira entre a Bélgica e a Holanda. Inesperado era de
certeza o monstro que desconhecia, com enormes ventoinhas e iluminado como uma
atracção de quermesse. Na minha ignorância julguei que se tratasse de fantasia
publicitária, mas desde então, por razões várias, desde a poluição da paisagem
à sua reconhecida ineficiência, azedo quando me falam deles, mas vou-me pondo
ao corrente dos prós e contras.
Porque o assunto continua a interessar-me e creio que
para alguns será útil a sua leitura, segue a tradução de excerptos de um artigo
publicado esta semana no semanário neerlandês Elsevier Magazine, da
autoria do Dr. André Wakker (1958), cientista nuclear e empresário.
“A China, que actualmente consome 20% da energia mundial
e é no mundo o maior consumidor de energia, liga anualmente dez centrais
nucleares à rede eléctrica do país. No próximo ano disporá de tantas centrais
nucleares como a França e por volta de 2025 ultrapassará os Estados Unidos no
que respeita a produçãp de energia nuclear… No ano do meu nascimento, 1958, 98%
da energia mundial era ‘suja’, sendo de apenas 2% a energia produzida por
barragens… Quem lê o reputado World Energy Outlook da International
Energy Agency sabe que há mais de dez anos vai diminuindo a produção de energia
‘limpa’. A construção de novas centrais nucleares no Ocidente encontra-se
praticamente parada, e abraça-se a energia verde.
Depois do encerramento das centrais nucleares no Japão e
na Alemanha a percentagem mundial de energia ‘limpa’ caiu para 7% em 2015. A
energia verde, proveniente sobretudo das eólicas e dos painéis solares, tem
crescido, mas nem de longe pôde compensar a perda de energia decorrente do encerramento
de cerca de setenta centrais nucleares
Mal grado o subsídio anual de 200 mil milhões de dólares para
a energia verde e o incessante crescimento de regulamentos para o clima, a IEA
calcula que em 2040 haverá apenas uns escassos 15% de energia verde: 6% de energia
nuclear, 6% de energia eólica, 3% de energia hídrica…
Para alcançar os 6% de energia nuclear em 2040 terão de
ser construídas pelo menos duzentas centrais nucleares. Decididamente e sem
temor constrói-as actualmente a China. O mesmo fazem a Índia, a Rússia e umas
quantas das novas economias, que construirão cinquenta centrais nucleares.
Entretanto, no Ocidente terão de ser encerradas cerca de
trezentas, devido a terem alcançado o período máximo de actividade…..
Tenho a certeza de que os cépticos do clima amam tanto o
planeta como os “fanáticos”, mas cada vez mais se dão conta de que o businessmodel
verde privatiza os rendimentos, socializa os encargos, torna a energia um
produto de luxo . Isso leva as pessoas a votar em Gerrit Wilders, em Thierry
Baudet, e no próximo salvador quando esse se apresentar.”