quarta-feira, agosto 21

Bilhetes (72)


Durante anos escrevi crónicas para dois importantes jornais holandeses: de Volkskrant e NRC-Handelsblad. Os temas eram à minha escolha e total a liberdade com que os tratava, sendo apenas obrigado a respeitar o espaço que me era destinado e não devia exceder setecentas palavras.
Recordo a trabalheira que isso me dava, e como de vez em quando recebia um telefonema da redacção a avisar-me de que tinha exagerado, a norma era mesmo para cumprir.
Os computadores vieram facilitar as coisas, mas logo no princípio tive alguma dificuldade em passar da contagem de palavras para a contagem em caracteres e espaços. Porém, trinta e tal anos passados tudo isso se tornou rotina, não me custa respeitar o limite de que as crónicas para o Correio da Manhã fiquem pelos dois mil e quinhentos caracteres, incluindo os espaços. O bizarro é que a directiva se tornou para mim quase mania, dou tantas voltas aos textos quantas forem precisas para ficar estritamente dentro da conta.
Não será caso para o Rilhafoles, mas saudável também não é.