Durante anos escrevi crónicas para
dois importantes jornais holandeses: de Volkskrant e NRC-Handelsblad.
Os temas eram à minha escolha e total a liberdade com que os tratava, sendo
apenas obrigado a respeitar o espaço que me era destinado e não devia
exceder setecentas palavras.
Recordo a trabalheira que isso
me dava, e como de vez em quando recebia um telefonema da redacção a avisar-me de
que tinha exagerado, a norma era mesmo para cumprir.
Os computadores vieram facilitar
as coisas, mas logo no princípio tive alguma dificuldade em passar da contagem
de palavras para a contagem em caracteres e espaços. Porém, trinta e tal anos
passados tudo isso se tornou rotina, não me custa respeitar o limite de que as crónicas
para o Correio da Manhã fiquem pelos dois mil e quinhentos caracteres,
incluindo os espaços. O bizarro é que a directiva se tornou para mim quase
mania, dou tantas voltas aos textos quantas forem precisas para ficar
estritamente dentro da conta.
Não será caso para o Rilhafoles,
mas saudável também não é.