Ainda haverá sedução? Deve haver. O que desapareceu foi a sedução dos tempos em que se fazia a corte. A liberdade e a ofensiva feminina para a igualdade entre os sexos deram o golpe de misericórdia ao obsoleto ritual do namoro. Hoje, em vez de corte fazem-se arranjos, discutem-se acordos, avaliam-se prós e contras. Depois, se por acaso desacertam, vai cada um para seu lado com ligeireza igual à com que entraram na relação ou no casamento. Geralmente em harmonia, tirante um ou outro celerado que emperrou nas soluções medievas.
E assim, aqui falta-me conhecimento, o que digo é suposição e observação: o que as relações heterossexuais perderam ganhou-o a homossexualidade. Mau grado a tolerância de bom tom, continua a haver nela perigos, riscos, segredos, aventuras e tensões com que os casalinhos tradicionais sonham quando a monotonia da telenovela os anestesia.