Coisa de pouca monta, desenhar um retrato com palavras. Coisa de porte ter sonhos e saber que, por todas as razões e mais uma, é vedado sonhá-los. Frustração grande, a das palavras que nunca se dirão, a dos olhares que não se poderão trocar, a do desejo silencioso e secreto. Que a vida constrói dessas inexoráveis masmorras onde somos carcereiro e condenado.
Escrevo isto como que separado do meu cérebro, que esse, como tantas vezes acontece, disparou para um montão de impressões e pensamentos que agora recordo, mas devia esquecer.
Salva-me a incapacidade para a poesia. Tivesse nascido outro e, neste fim do dia, de certeza estava a pôr em verso livre o que em prosa me proíbo de confessar.