Olhos muito negros, muito expressivos, sobrancelhas num ligeiro arco, nariz grego. Lábios sensuais. O corpo, uma perfeição. Pernas de bailarina. Talvez no fim dos trinta, começo dos quarenta. Passam-se os detalhes, cala-se o estado civil, deixa-se no escuro a família, bem assim como a profissão, onde dá cartas pela inteligência e o talento.
Desperta paixões em ambos os sexos, mas quem se arrisca a ir com ela para a cama sai a perder. É que intimidade com semelhante mulher exige preparos – eu quase diria habilitações – de que raros dispõem. Idem intelecto e delicadeza dos sentidos. De modo que muitos a desejam mas raro partilha, está na vida orgulhosa e descontente, perguntando-se que terá feito para merecer a solidão de que ninguém se apercebe e aos poucos a transforma no que não quer ser.