Coisas que distraidamente se ouvem e depois surgem em relâmpagos, a insistir na atenção que se lhes recusa:
"Durante séculos após a descoberta da impressão, o povo lia, mas só as elites escreviam. Isso durou até por volta dos anos 80. Hoje toda a gente lê, toda a gente escreve. A nova elite são os programadores da Internt. Nós, utentes, estamos na fase de participar riscando cruzes em quadradinhos."
"O mundo deixou de ser aquele edifício de princípios morais, interesses comuns, solidariedades, crenças e fins colectivos. O mundo é hoje uma empresa, uma sociedade anónima regida pelos princípios da Economia, os quais são igualmente válidos para as nações e para os indivíduos. O fim em vista é o êxito a todo o custo, e esse só se alcança eliminando os concorrentes, emprestando uma dimensão nova ao pensamento de que Homo homini lupus est."
Sorrio. Outro remédio não tenho enquanto ele, a dar a novidade, me informa que domingo à tarde estará de volta. Quarentão, casado, três filhos, funcionário. Vai com uns colegas ao Rock in Rio porque quer voltar a ver a Shakira, que "é mesmo uma grandessíssima gaja." E piscando o olho, porque de certeza compreendo, acrescenta guloso: - Ai que se ela quisesse!