De vez em quando a tentação é grande, tanto
mais que parecem inconscientes de como
seria fácil assentar-lhes uma bordoada no ego, na vaidade, naquela importância
de pechisbeque. Mas no silêncio está a paz. Deixa andar.
Empurram-se na ilusão de que têm de ser
sempre os primeiros, os do lugar de honra, que o mundo nada mais faz do que
olhar para os dez mais disto, os dez mais aquilo, quem tem mais estrelas, e quantas,
quais, onde.
O que tarde ou nunca aprendem é a esconder
a ganância, a inveja: mesmo quando sorriem descaem-lhes os cantos da boca, na
tez ganham o amarelo do fígado envenenado.
São moles na espinha e no aperto de mão,
caminham de lado com manhas de raposa, a risada que conseguem dar é um gargarejo
que sai meio entupido, sincopado de bílis.
Que o Senhor a todos favoreça.