Bem me apetecia ironizar, mas sobre quem? Sobre quê?
Sobre o histriónico rústico que, às gargalhadas de vinho,
põe a mulher e as dos amigos a beber por aquelas canecas de barro que têm um
falo por bico e testículos no bojo?
Sobre o patego que caminha curvado, a olhar de esguelha, a
falar em cicios, nunca uma opinião, nunca uma atitude, desconfiado até da
própria sombra?
Sobre a poetisa de minissaia, escanzeladas tíbias,
feitora de maus versos e pior prosa, que parou o tempo e vive em meados do
século passado?
Sobre o tolo que discute cilindradas e "bólidos"
vintage"?
Sobre o turista que só viaja para lugares exóticos, sem
turistas, onde os indígenas vivem numa simplicidade bíblica, a comida é pura, e tudo
barato?
Sobre o comércio e as Letras? Sobre o escritor (holandês)
que calça sapatos vermelhos como marca registada, se descobriu apaixonado pela
filha, e escreveu um romance, detalhando o seu desejo de "...violar e matar. Não! De
matar e então possuir!"?
Sobre a melancolia dos corpos estirados ao sol numa praia?
Sobre a melancolia dos corpos estirados ao sol numa praia?
Sobre as tardes de sábado?
PS. É um texto de 5 de Julho de 2014 que algumas vezes repesco para me acalmar.