Desde que me conheço sempre fui
de pressas, enfadado com o hoje, ansioso pelo amanhã, o mês que vem, o próximo
ano, só desde há pouco começo a descobrir que é possível travar, que nem sempre
as urgências são o que parecem. Nenhum comboio é o último, e as modas, todas as
modas, desde as dos costureiros às dos políticos, das Gretas aos inchados
salvadores do mundo, não só passam como somem, basta querer olhar um pouco para
trás e mesmo fazendo esforço nem a memória as encontra.
Pouco a pouco vou descobrindo
que a paz de espírito não necessita de exercícios de respiração, horas a
meditar ou seguir profetas, ela própria se anuncia quando é genuíno o desapego
do superficial, do supérfluo, das aparências em travesti de realidade.
Estou longe da meta, mas vou
perdendo a pressa.