segunda-feira, dezembro 16

Nótulas (49)


Desde que me conheço sempre fui de pressas, enfadado com o hoje, ansioso pelo amanhã, o mês que vem, o próximo ano, só desde há pouco começo a descobrir que é possível travar, que nem sempre as urgências são o que parecem. Nenhum comboio é o último, e as modas, todas as modas, desde as dos costureiros às dos políticos, das Gretas aos inchados salvadores do mundo, não só passam como somem, basta querer olhar um pouco para trás e mesmo fazendo esforço nem a memória as encontra.
Pouco a pouco vou descobrindo que a paz de espírito não necessita de exercícios de respiração, horas a meditar ou seguir profetas, ela própria se anuncia quando é genuíno o desapego do superficial, do supérfluo, das aparências em travesti de realidade.
Estou longe da meta, mas vou perdendo a pressa.