A receita continua eficaz, vem
da antiguidade: quem quer simpatias não vai contracorrente, e se isso lhe custa
pode sempre deitar mão às aparências, o que além de poupar nas inimizades lhe garante
a reputação de bom sujeito.
No agitado tempo que estamos a
viver, o ser considerado bom sujeito equivale àquelas famosas apólices de
seguro da Loyds of London, que cobrem todos os riscos, mesmo os mais
disparatados. Um lapsus calami, um descuidado cotovelo tocando um seio,
um roçar de nádega, uma pitada de marialvismo, um piropo, ou até um olhar, não
darão hoje penas no Inferno, mas caem sob a alçada da Inquisição dos que agora
nem precisam de escola, pois nascem abençoados com as virtudes do politicamente
correcto, as únicas que não somente conduzem à bênção da alma e da vida, mas
também à salvação das águas, dos animaizinhos e do planeta Terra.