sexta-feira, agosto 30

Bilhetes (79)


Há-de haver uns catorze anos que vi o meu primeiro moinho de vento - aerogerador é chique, mas perde a conotação com Dom Quixote - num local inesperado, a fronteira entre a Bélgica e a Holanda. Inesperado era de certeza o monstro que desconhecia, com enormes ventoinhas e iluminado como uma atracção de quermesse. Na minha ignorância julguei que se tratasse de fantasia publicitária, mas desde então, por razões várias, desde a poluição da paisagem à sua reconhecida ineficiência, azedo quando me falam deles, mas vou-me pondo ao corrente dos prós e contras.

Porque o assunto continua a interessar-me e creio que para alguns será útil a sua leitura, segue a tradução de excerptos de um artigo publicado esta semana no semanário neerlandês Elsevier Magazine, da autoria do Dr. André Wakker (1958), cientista nuclear e empresário.



“A China, que actualmente consome 20% da energia mundial e é no mundo o maior consumidor de energia, liga anualmente dez centrais nucleares à rede eléctrica do país. No próximo ano disporá de tantas centrais nucleares como a França e por volta de 2025 ultrapassará os Estados Unidos no que respeita a produçãp de energia nuclear… No ano do meu nascimento, 1958, 98% da energia mundial era ‘suja’, sendo de apenas 2% a energia produzida por barragens… Quem lê o reputado World Energy Outlook da International Energy Agency sabe que há mais de dez anos vai diminuindo a produção de energia ‘limpa’. A construção de novas centrais nucleares no Ocidente encontra-se praticamente parada, e abraça-se a energia verde.

Depois do encerramento das centrais nucleares no Japão e na Alemanha a percentagem mundial de energia ‘limpa’ caiu para 7% em 2015. A energia verde, proveniente sobretudo das eólicas e dos painéis solares, tem crescido, mas nem de longe pôde compensar a perda de energia decorrente do encerramento de cerca de setenta centrais nucleares

Mal grado o subsídio anual de 200 mil milhões de dólares para a energia verde e o incessante crescimento de regulamentos para o clima, a IEA calcula que em 2040 haverá apenas uns escassos 15% de energia verde: 6% de energia nuclear, 6% de energia eólica, 3% de energia hídrica…

Para alcançar os 6% de energia nuclear em 2040 terão de ser construídas pelo menos duzentas centrais nucleares. Decididamente e sem temor constrói-as actualmente a China. O mesmo fazem a Índia, a Rússia e umas quantas das novas economias, que construirão cinquenta centrais nucleares.

Entretanto, no Ocidente terão de ser encerradas cerca de trezentas, devido a terem alcançado o período máximo de actividade…..

Tenho a certeza de que os cépticos do clima amam tanto o planeta como os “fanáticos”, mas cada vez mais se dão conta de que o businessmodel verde privatiza os rendimentos, socializa os encargos, torna a energia um produto de luxo . Isso leva as pessoas a votar em Gerrit Wilders, em Thierry Baudet, e no próximo salvador quando esse se apresentar.”