No fim do Verão de 1879 dava entrada no seminário de Braga um rapazinho de nome Gaspar da Rocha Fernandes, natural da aldeia de Cendufe. Pouco importa aqui saber se o movia a vocação religiosa ou o desejo de aprender, certo é que a sua chegada ao estabelecimento não passou despercebida. Além de uma inteligência excepcional, o garoto tinha aos dez anos a estatura que normalmente se esperaria dos quinze ou dezasseis, e ao deparar com tal gigante os colegas dispararam-lhe uma alcunha: "O Himalaia". Tão certeira que mais tarde a juntaria ao seu nome de baptismo e por ela passaria a ser conhecido.
Ordenado sacerdote, o padre Himalaia nunca chegou a ter paróquia, porque logo se encaminhou para o que realmente o apaixonava: a ciência. Em particular a Física e a Química, mas também as técnicas da agricultura, a exploração da energia solar, da energia das marés, a invenção de explosivos e mais. Portugal deve-lhe ter parecido acanhado para a sua ânsia de estudar, pois não demorou a partir para Paris, onde durante anos trabalhou com o famoso químico Berthelot (1827-1907).
Germanófilo, grande admirador da disciplina e do espírito teutónico, passaria depois para a Alemanha e mais tarde, sempre a estudar e a inventar, permaneceria no Brasil e de novo em França, nos Estados Unidos, na Argentina, só regressando a Portugal já quase no fim da sua vida. Figura invulgar.