domingo, abril 7

Armadilhas

Tive um aos dezoito anos, íntimo mesmo, podia dizer que era do peito, e esse fez-me o favor de me trair, lição que ficou. Por isso não tenho amigos. Melhor dizendo: mantenho relações de amizade, sem resguardo, mas vou cuidando não dar mais nem receber para além da zona de segurança. Anda o espírito em paz, dorme-se bem, evita-se o ranger dos dentes e a azedia do estômago.
Mesmo assim, tão arrevesada é a natureza humana, que por mais precauções que se tomem e barreiras que se levantem, há sempre um espírito traiçoeiro, quando menos nos precatamos caímos na armadilha.
Não adianta o queixume. Vale mais aceitar o desfalque, aprender a lição e, sobretudo, gozar o espectáculo do regozijo do "amigo", momentos antes de se dar conta de que já nos levantámos.