É humana, muitas vezes até simpática, a curiosidade pela vida alheia, mas mesmo que se trate de uma que não seja corrente nas peripécias e de desenlaces imprevisíveis, ninguém quer a versão original. Há por parte de quem pergunta o anseio quase infantil de ouvir histórias, casos incomuns, e por seu turno o narrador alegremente cumpre, evitando os escolhos, sobrepondo a versão cosmética à da realidade.
Bem é que assim seja e muito desagrado se poupa, pois do mesmo modo que evitamos desnudar-nos em público, acalentamos, uns e outros, a ilusão de que somos interessantes ou até excepcionais.
Metendo a mão no peito, sabemos que de facto nenhuma vida se conta, nem talvez se possa contar, já que a verdadeira até de nós próprios a escondemos.
Metendo a mão no peito, sabemos que de facto nenhuma vida se conta, nem talvez se possa contar, já que a verdadeira até de nós próprios a escondemos.
Graças a Deus, que tudo arranja, faz Ele com que isso não nos torne infelizes, deixando-nos viver a vida que inventamos, mais fácil de suportar.