domingo, dezembro 11

Tenebrosas forças

Em minha opinião, as tenebrosas forças que em tudo mandam, tudo vêem e escutam, possuem também a ubiquidade de Santo António. Tal como o santo voou de Pádua para Lisboa, a salvar o pai da forca, assim demonstram elas subitamente o seu poderio.
Um exemplo: estava eu ontem em alegre convívio com uma bem disposta assistência na Biblioteca Almeida Garrett, quando no calor da falação comecei a elaborar sobre a fausta, por todos admirada Revolução dos Cravos. Mencionando a CIA e o facto da esquadra americana que, fundeada no Tejo, saíra para o mar umas horas antes dos heróicos militares salvarem a Pátria, então não é que de repente as luzes se apagam, fica o edifício em trevas, não há luz na vizinhança, e nos vemos ali encurralados e a tremer?
Para susto bastou. Agradeço sim, muito sinceramente, aos que estiveram presentes e lá chegaram sob uma chuva de Dilúvio, originada, aliás, pelos mesmos poderes, que também mandam nas nuvens, conhecem as minhas antipatias, e sabiam já do que iria tratar.
Não prometo melhoras, mas quando ouvirem dizer que vou falar nalgum sítio, o melhor é não aparecerem. Deste vez foi só chuva e o corte da luz, mas na próxima ninguém sabe.