sábado, agosto 31

O Diabo e a Diaba

 

Antigamente era hábito dos frades do Convento de Amarante descansarem na varanda, alindada por cinco arcos e as estátuas dos quatro reis que reinaram nos oitentas anos que durou a construção.

Desde tempos remotos havia aí duas pequenas estátuas, representando um diabo e uma diaba que, por penitência, serviam de base à Cruz. Queimadas  em 1809 pelos soldados de Napoleäo, os frades encomendaram duas outras que foram colocadas na sacristia, e o povo de Amarante continuou a venerar, argumentando avisadamente sobre a necessidade de se andar de bem com Deus e o Diabo.

No dia 24 de Agosto realizava-se a sua festa, até que em 1870 o arcebispo de Braga, preocupado com a popularidade das imagens, ordenou que as queimassem.

Os encarregados do auto-de-fé decidiram que bastava castrar a figura masculina e exilá-las ambas para uma arrecadação. Anos depois foram vendidas por 6 libras à firma Sandeman, que as utilizou para a publicidade dos seus vinhos, tendo estado expostas na Exposição Universal de Paris em 1889. No final dos anos 30 a firma devolveu as imagens à Vila.