domingo, agosto 11

Promessas e certezas


Talvez por serem poucas as certezas que tenho, e pouca também a fé que os profetas em mim despertam, sou fraco parceiro em conversas sobre o clima, a qualidade do ar, o leite de aveia, a reciclagem dos farrapos, as vantagens dos painéis solares e o mais que segue.

Fico-me por estes exemplos, pois chamá-los à memória basta para um dispensável azedume. Claro que sei por demais que se devem respeitar as opiniões alheias, mesmo quando parecem estapafúrdias, desafiam a realidade, ou vão de encontro ao que cremos ser a nossa experiência. Tudo bem, pois, desde que não venha mal ao mundo. Mas às vezes é isso que acontece, e aqui valho-me de um artigo no semanário neerlandês EWI, acerca da  economia de Sri Lanka, a antiga Ceilão.

Seguindo a moda, um senhor Rajapaksa ganhou a presidência em 2019, prometendo pôr fim ao uso de pesticidas e adubos químicos, dentro de dez anos a agricultura do país seria totalmente biológica.

Rejubilaram os crentes no mundo inteiro, só que entretanto a realidade não quis participar no festival, e a economia do país aguenta mal os trambolhões. Em cinco anos o preço de alguns produtos correntes, como cenouras e tomates quintuplicou. De exportador de arroz, o Sri Lanka teve de importar quinhentos milhões de euros desse produto essencial. A exportação do chá caiu para o nível mais baixo desde há vinte anos. A inflação, que já era elevada, aumentou mais de cinquenta porcento. Um quarto dos 22 milhões de cingaleses ganha por dia menos de três euros e trinta e cinco cêntimos.

Conclui o autor do artigo com a observação de que os alimentos biológicos interessam os que querem melhorar o planeta, mas esquecem que só com eles não se consegue alimentar um país, quanto mais o mundo.