domingo, novembro 3

Nótulas (22)


Lê-se aqui, lê-se ali, conversa-se com este e com outro, ouvem-se comentadores, Leonardo Di Caprio anuncia que Greta é a irrefutável líder do nosso tempo...
Estranha evolução, a de um mundo que era de esperança, ambição de melhoria, ânsia de solidariedade, para este de raiva e ressentimento, ameaças, insegurança, de ingénuos que passam por peritos,  malabaristas cínicos que sabem onde está o seu proveito, bem intencionados que anunciam com detalhe e cheios de certeza onde, quando e quanto o mar vai subir.
Deito mão de um artigo de Simon Rozendaal no semanário neerlandês Elsevier da semana passada, para destacar algumas passagens que ilustram a bizarria deste estranho tempo e do ainda mais estranho procedimento dos que governam:

“Depois do tsunami de Sendai em 2011, e dos problemas que causou na central nuclear de Fukushima, Ângela Merkel decidiu que a Alemanha deveria dizer adeus à energia nuclear: o  Atomausstieg.
Além de pouco fundamentada e pouco pontual, essa medida também não denotava racionalidade. Isso pode levar-se mais a mal a alguém que (como Ângela Merkel) estudou Física… do que a alguém como o presidente dos Estados Unidos, que parece ter dificuldade em ler um livro.
… O erro do abandono da energia nuclear foi Merkel não ter compreendido que, como por milagre, os reactores nucleares de Fukushima tinham escapado ao desastre, dada a fúria dos elementos a que tinham sido expostos, que foram poucos os mortos por irradiação, e de qualquer maneira os estudos científicos têm provado que a energia nuclear – medida em vidas por unidade de energia – é muito mais segura do que todas as alternativas, incluindo os painéis solares e as eólicas.
…Se (a senhora Merkel) se tivesse realizado que o aquecimento se tornaria numa tão grande prioridade política, deveria ter primeiro e sobretudo acabado com o uso da turfa e do carvão de pedra.
…. A Alemanha é hoje a anedota verde. O país está cheio de moinhos de ventos e prados solares, é estupenda a degradação da natureza com a mineração da turfa e do carvão de pedra, o preço da energia eléctrica torna-se astronómico, e o país despediu-se da única fonte de energia capaz de diminuir a emissão de CO2 e mesmo talvez de diminuir o aquecimento.
Por outras palavras: a senhora Merkel é um cavaleiro da triste figura."

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