Lê-se aqui, lê-se ali,
conversa-se com este e com outro, ouvem-se comentadores, Leonardo Di Caprio
anuncia que Greta é a irrefutável líder do nosso tempo...
Estranha evolução, a de
um mundo que era de esperança, ambição de melhoria, ânsia de solidariedade, para
este de raiva e ressentimento, ameaças, insegurança, de ingénuos que passam por
peritos, malabaristas cínicos que sabem
onde está o seu proveito, bem intencionados que anunciam com detalhe e cheios
de certeza onde, quando e quanto o mar vai subir.
Deito mão de um artigo de Simon
Rozendaal no semanário neerlandês Elsevier da semana passada, para
destacar algumas passagens que ilustram a bizarria deste estranho tempo e do
ainda mais estranho procedimento dos que governam:
“Depois do tsunami de Sendai em
2011, e dos problemas que causou na central nuclear de Fukushima, Ângela Merkel
decidiu que a Alemanha deveria dizer adeus à energia nuclear: o Atomausstieg.
Além de pouco fundamentada e
pouco pontual, essa medida também não denotava racionalidade. Isso pode
levar-se mais a mal a alguém que (como Ângela Merkel) estudou Física… do que a
alguém como o presidente dos Estados Unidos, que parece ter dificuldade em ler
um livro.
… O erro do abandono da energia
nuclear foi Merkel não ter compreendido que, como por milagre, os reactores
nucleares de Fukushima tinham escapado ao desastre, dada a fúria dos elementos
a que tinham sido expostos, que foram poucos os mortos por irradiação, e de
qualquer maneira os estudos científicos têm provado que a energia nuclear –
medida em vidas por unidade de energia – é muito mais segura do que todas as
alternativas, incluindo os painéis solares e as eólicas.
…Se (a senhora Merkel) se
tivesse realizado que o aquecimento se tornaria numa tão grande prioridade
política, deveria ter primeiro e sobretudo acabado com o uso da turfa e do
carvão de pedra.
…. A Alemanha é hoje a anedota
verde. O país está cheio de moinhos de ventos e prados solares, é estupenda a
degradação da natureza com a mineração da turfa e do carvão de pedra, o preço
da energia eléctrica torna-se astronómico, e o país despediu-se da única fonte
de energia capaz de diminuir a emissão de CO2 e mesmo talvez de
diminuir o aquecimento.
Por outras palavras: a senhora
Merkel é um cavaleiro da triste figura."