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Há os comprimidos e as injecções, os endireitas, as terapias
várias, as romagens a Fátima, de vez em quando o bisturi a cortar as entranhas,
mas a idade conhece maleitas sem remédio, uma das que mais dói é a certeza do
pouco que se aproveitou do que se teve, o irreparável do que nunca voltará.
Assim é, sabe-o quem como eu se encontra na altura de
fazer essas contas, olha mais para o passado do que para o presente e, bom ou
mau grado, se rende à evidência de que para a fatalidade do fim não existe
alternativa.
Todavia, nem tudo são sombras. Desagradecido e
mal-aventurado aquele que, como todos,
menos que grão de areia, se arroga dimensões cósmicas, pois esse nunca se dará
conta do que pode encerrar um sorriso, um gesto, um momento de inocência.
Esta tarde, numa rua de esplanadas e muita agitação, deixei-me
tomar pela alegria alheia, senti-me
inesperadamente feliz.