quinta-feira, julho 3

Da superficialidade


É um mundo que apercebo nos blogues, aquele dos comentários, mas que por inteiro escapa ao meu entendimento, feito que é de fórmulas, dizeres cifrados e obscuras alegorias, querendo dar ideia de que os seus autores partilham subtilezas da vida e do pensamento reservadas para iniciados.
Talvez assim seja, mas para quem como eu está de fora, ganha aquilo um ar de bisbilhotice comadresca,  a futilidade que se imagina nos espíritos com um QI ao redor de 80, o banal das conversas sobre o tempo, a carestia, os desarranjos intestinais ou a mulher do Sousa.
A pergunta fica: que gente é aquela, que certamente funciona num emprego, tem deveres de família, vai às compras e ao teatro com ar de normalidade? Que ânsia de presença ou afirmação os move?
Será que, tendo-se em baixa estima, sentindo-se ínfimos e inúteis, se salvam dizendo: comento, logo existo?