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Entre os livros que ando a ler está uma colectânea dos discursos de dez laureados do Nobel da Literatura e, a acompanhar, estudos sobre a obra e a personalidade de cada escritor.
Dos discursos uns são longos e maçudos, o de Günter Grass, por exemplo, outros assim-assim; V.S. Naipaul (2001) e Harold Pinter (2005) mostram-se acima dos restantes.
Esta é a minha opinião, por força haverá apreciações diferente, alguns até serão capazes de tomar por brilho as banalidades do discurso de Elfriede Jelinek ou o tom doméstico do de Doris Lessing.
Aprendem-se interessantes detalhes biográficos, por exemplo sobre J. M. Coetzee, que uns idolatram, a mim cansa, e outros figadalmente detestam, como o editor Colin Bower, que no Sunday Times publicou um artigo sob o titulo de J. M. Coetzee: literay con artist and poseur.
Voltando ao laureado: recorda ele que aos quinze anos ouviu, vindo de uma casa vizinha, uma música que o encantou, e só mais tarde saberia tratar-se de Das Wohl Temperierte Klavier (O cravo bem temperado). E prossegue: "Depois dessa música de Bach tudo se modificou. Foi um momento de revelação e enorme significado para a minha vida. Que me deu Bach? Deu-me a verdadeira ideia da forma!"
Preparem-se os jovens Saramagos. Não é caso de correrem a ouvir Bach, para dele receberem também a revelação da "verdadeira ideia da forma", mas aprender que são muitos e variados os caminhos que levam a Estocolmo.
Os melhores chegam lá como Pinter e Naipaul, mas também se alcança o Nobel como Coetzee, ou Elfriede Jelinek, de quem Martin Mosebach, um colega, afirmou que era, de longe, a pessoa mais estúpida do hemisfério ocidental, e o respeitado crítico Marcel Reich-Ranicki disse que nunca tinha escrito um bom livro.