(Clique para aumentar)
Os cães ladraram, a caravana passou, o país tristonho e sem futuro que se adivinhe parece espelhar a casa onde não há pão, aquela onde todos ralham e ninguém tem razão. Só que a imagem não confere. Nos palácios onde a caravana se acolheu há pão, pão-de-ló, champanhe e caviar, lagosta, Wagyu.
Dança-se lá o minuete, os cavalheiros fazem reverência às Marias-Antonietas. O povinho, encostado à cerca, admira de longe a iluminação e não compreende a música.
Desta vez não haverá ditador nem general, cravos também não, e Nossa Senhora há muito se recolheu às nuvens. O ódio nada resolve e os insultos nem sequer são desabafo, pois se alguma coisa provam é a impotência e o medo de quem os grita. As acusações, mesmo com provas, também de nada adiantam, só as ouviria uma Justiça imparcial.
De modo que, meu caro, o sofrimento é nosso, mas é também de nós que depende a salvação. Não do vizinho, nem dos partidos. Dos senhores que detêm o Poder ainda menos, que esses, fossem outros os tempos, já se teriam corrido à paulada.