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Fora de dúvida é você boa pessoa, solidário com o semelhante, caridoso para com os que sofrem, os despojados, as criancinhas esfomeadas da África, da Ásia, do Alentejo e Famalicão. Também é fanático a defender a Natureza e o belo planeta em que nos puseram, a ameaça do aquecimento global mete-lhe um medo maior do que os ricos de antigamente tinham do Comunismo.
Eu também seria boa pessoa, não fosse este hábito de incomodar. Não porque isso me agrade, mas é coisa dentro de mim, desculpo-me dizendo que deve ser questão genética, neuras e neurões herdados.
Oiça: em 2007, na Espanha, o governo concedeu um subsídio de 44 cêntimos por kilowatt/hora a quem instalasse painéis solares - dez vezes mais do que o custo da electricidade corrente. Cinquenta mil espanhóis aceitaram essa super-ecológica e tola benesse "verde". Para com eles tem o governo uma dívida de 126 biliões de euros que não pode pagar. Sobre quantos dos cinquenta mil faliram com o projecto não há estatística. Energia solar? Boa treta. Limpa, barata e segura é a nuclear, mas por azar não é "verde".
Na Holanda havia uma proposta para a construção de dois gigantescos parques eólicos no Mar do Norte com uma capacidade total de 600 megawatt. Infelizmente, mesmo no Mar do Norte nem sempre venta, a estimativa de produção seria de 200 megawatt, comparável à de uma central eléctrica alimentada a gás natural. À boa e decente maneira holandesa fizeram-se cálculos: a central custaria 280 milhões de euros, os quixotescos parques de moinhos: 4.4 biliões. Fora com eles.
Claro que você é contra os alimentos geneticamente manipulados, quer tudo biológico e o mais "verde" possível. E não deseja que o seu semelhante passe fome. Eu também não. O que acontece é que se os nove biliões de "formigas" humanas que haverá daqui a umas décadas - no tempo dos seus filhos e netos - quiserem comer "biológico", não vão guardar o Amazonas nem as mais florestas virgens, porque não haverá terreno que chegue.
Para se poder ser boa pessoa, por vezes é melhor não pensar.