sábado, janeiro 29

Pepitas


Como todas as actividades comerciais o negócio da edição em Portugal por certo tem as suas leis, as suas tácticas, combinações, políticas, cumplicidades, os seus mistérios. Deve ter também, suponho que sim, interesse em fazer a prospecção do talento de jovens promissores na arte da escrita. E aí defronto um enigma: enquanto que na blogosfera encontro com frequência textos  que trazem a marca da boa ficção, a maioria dos romances portugueses que leio fica aquém, por vezes muito aquém, do que se espera da craveira da qualidade.
Será que, cansados de rebuscar nas centenas de manuscritos que recebem, aos editores falta  tempo para irem em busca de pepitas? Esquecem eles que muito bom escritor in spe duvida da sua própria qualidade? Sofrerão de comodismo? Improvável preguiça?
Ou será, Deus me livre, que a qualidade interessa menos do que a moda, o volume de vendas  e a taxa de  rendimento?
Não se poderia fazer a coisa fifty-fifty?