Como sempre nas controvérsias, na que agora ocorre em Portugal sobre o casamento dos homossexuais há, entre os que são a favor ou contra, gente séria, inteligente, com boas maneiras e boas intenções. Depois há os néscios, os delirantes, os fundamentalistas... Enfim, muito vento, pouco movimento.
Aqui encontrei ecos do meu distante interesse pelo assunto, mas devo dizer que, vivendo num país que se quer na vanguarda de todas as liberdades, o tema não é dos que me causa aflições. Juízo definitivo também não saberia fazer e longe de mim o propósito de magoar, pois para tormento já chega a carga com que cada um vem ao mundo.
Se toco na matéria é antes por razão linguística. Acontece que aqui na Holanda, em conversa ou na televisão, se ouve com frequência um homossexual referir-se ao seu companheiro como “o meu marido” ou, falando doutro, dizer “ele é a viúva de...” Lê-se o mesmo em convites, necrologias, comunicados e semelhantes..
Para mim é confuso, além de que dispenso saber quem é quem no matrimónio ou na cama, mas faz moderno e força nenhuma pára a modernidade. O melhor, pois, é vocês por aí irem-se habituando, ensaiando para quando a ocasião chegar:
- O João é a viúva do Miguel.
- O Gonçalo é a esposa do Amadeu.
- O Ricardo é a sogra do Frederico.