Ela sentou-se, entregou-me o envelope e, como se o gesto lhe tivesse esgotado as forças, apoia a cabeça nas mãos.
- São os primeiros. Vai ver que não são bons, mas agradecia que os lesse.
Escreveu dois contos e espera ansiosa a minha opinião.
Prometo que os vou ler, e minto que serei rudemente franco.
Levanto-me para sair, mas ela tem ainda uma pergunta, que lhe brilha nos olhos com inocência juvenil:
- É muito difícil aprender a escrever?
Aceno com a cabeça que não, sem coragem para lhe dizer que o verdadeiro escrever não se aprende: é uma mistura de dons.