Nestes últimos dias tenho andado metido com jornalistas.Como eu próprio o fui durante décadas, é com um misto de ironia e ternura que me sujeito às entrevistas, aguardo paciente enquanto eles acertam o gravador, ponho o ar compenetrado que deve acompanhar as respostas, tomo a pose que o fotógrafo deseja, sou gentil e sisudo quanto posso fingir.
Mas no íntimo sorrio. Enternecido. Não por eles, mas por mim próprio, pelo modo sério que punha nas entrevistas que fiz, tomando por realidade o que forçosamente era e tem de ser teatro. Descobrindo agora em mim a malícia dos senhores de então, e nestes jovens a candura que perdi.