Guardar seja o que for, com intuito de deixar rasto, é coisa que não faço. Tão-pouco me preocupa o destino daquilo que escrevo, pois não somente me escasseia a vaidade, mas já vivi o suficiente para me aperceber de como, à excepção de uns quantos verdadeiramente notáveis, é ilusória e passageira a fama.
Entre a estátua, o nome numa rua, e aquelas
inscrições funerárias do “Ficarás eternamente na nossa memória”, a diferença é
nula. Soa tudo um bocadinho simples, para não dizer de um ridículo infantil. Como
há também contradição entre a certeza do “somos pó, cinza, nada”, e a ânsia
de querer que nos recordem.
Mas cá vamos andando, todos diferentes, uns
querendo esconder-se do mundo, outros achando que nunca é grande bastante a
sombra que projectam.