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Domingo passado, modorrento com a digestão do jantar, sentei-me a ver na TV a escolha do representante holandês para o próximo Festival Eurovisão da Canção.
Não me divertiu, não gostei, mas pior foi que me trouxe à lembrança as desastradas participações portuguesas a esse festival. Todos os anos espero, todos os anos me encolho de vergonha e tédio, aflito com as canções escolhidas, a prosápia dos que cantam, o mal-estar ao ouvir: "Portugal, one point".
Agora vai o meu jovem amigo Henrique Raposo vociferar que não gosto da Pátria, que sofro do complexo eciano de desfazer dela, que também eu a considero "uma choldra". Mas não se trata, nem de longe, de desamar a terra de que somos, antes de manter os olhos abertos, dizer onde está o dói, e participar na cura.
Pensando estas coisas ao mesmo tempo que me aborrecia com o programa que estava a ver, ocorreu-me que dias antes tinha lido a bela prosa de outro amigo, também ele eciano de gema, também ele amigo da Pátria, mas muito alerta para o que nela poderia ser melhor. Demonstra Joaquim Gonçalves Guimarães aqui que não sabemos cantar. De facto não sabemos, berramos, desafinamos.
Seja dito que em cantoria os holandeses não são melhores. "The Netherlands, one point".