São essas horas as de maior perigo, quando o sentimento de solidão te empurra para o negrume das perguntas sem sentido e das respostas sem nexo. Quando passam e repassam conversas, rostos, farrapos de memória, desilusões, aborrecimentos, e instante nenhum recorda uma memória alegre, um sorriso franco, um raio de luz que dê esperança.
Um escuro assim é a antecâmara da solidão, a genuína. Invisível para os mais, todo-poderosa e refinada, algoz que te transforma no que nunca imaginaste vir a ser: um l'homme qui rit.
Dizemos por vezes à ligeira: sinto-me só, mas quando a verdadeira solidão nos possui, força nenhuma é capaz de livrar da mordaça ou abrir a camisa-de-forças.