- Não tenho segredos.
Os cinco que estamos com ele à mesa decidimos pegar nos copos e beber, não aconteça possuir dons de adivinho e dar-se conta de que nos perguntamos se aquilo é ingenuidade ou estupidez.
- Não tenho segredos. Nunca tive.
A repetição sai-lhe num tom entre beato e triunfante, encara-nos como se merecesse aplauso, felizmente a conversa toma outro rumo, escondendo os pensamentos.
Haverá gente sem segredos? Passados os quatro ou cinco anos haverá vida sem mentiras, traições, dores que se não contam, pecados, horrores, infidelidades, vícios vergonhosos?
Que mistério do intelecto levanta as névoas que impedem alguns de ver as próprias falhas?
Uma amiga, casada, portuguesa, inteligente, maliciosa, brilhante profissional do Direito, senhora de si em extremo e mulher de muitos segredos, mandou-me há tempos esta fotografia e três palavras a acompanhar: "Imagina se soubessem!"
(Clique, clique)