quarta-feira, fevereiro 10

Manif


Começo o dia com uma volta pelos blogues, lendo à esquerda e à direita, os que são a favor e os contra. É bom que se saia à rua para tentar endireitar o que se permitiu que crescesse torto, e se não me encontrasse longe era capaz de amanhã ir também até São Bento.

Porém, conhecendo-me, sei que não me veriam nas fileiras da vanguarda, nem sequer entre as "massas", ficaria basbaque entre os basbaques, os que do passeio se espantam de ver passar a História. Porque História vai ser, e os jovens de agora dirão mais tarde aos netinhos e aos jornais que tomaram parte na gloriosa "Manif" de 11 de Fevereiro de 2010.

Aí, repontão de nascença, começo com observações. Creio ver nessa "Manif", francesismo dos idos do Maio 68, a clássica e aborrecida piscadela de olho da parolice. Pergunto-me também: há uma organização? Bandeiras? Símbolos? Programa? Chefia? Vai ser apresentada uma petição pedindo pura e simplesmente o afastamento do Primeiro Ministro? Mas então é assim que as coisas funcionam ou devem funcionar em Democracia? E sabendo-se que a mentira é inerente à política, de cada vez que um Primeiro Ministro mentir teremos de correr a São Bento a pedir que o substituam e nomeiem um que minta menos ou melhor?

Ocorre-me ainda que não tenho notícia de que as massas provincianas se aprestem a descer sobre a capital, ou que se mobilizem os professores e os enfermeiros, grupos de reconhecida capacidade de reivindicação.

Daí pressuponho que a "Manif" não vai ser onda de ira popular, mas uma coisa lisboeta, a demonstração ineficaz do desagrado de gente bem educada.