Facilitaria a vida, e de certeza tornaria as relações mais agradáveis, se nas simpatias e amizades se pudesse instalar uma caixa de velocidades.
Engatava-se-lhe a primeira e continuava-se até ao que parecesse marcha conveniente. Mostrava-se agradável? Metia-se-lhe a quinta. Aborrecia? Punha-se no ponto morto.
Infelizmente, os sentimentos não possuem a rigidez da mecânica. Assim sendo, sinto certo transtorno ao dar-me conta que a oferta do dedo pode implicar o risco de me ver sem braço; desnorteia-me que da mostra de simples simpatia resulte um perigo de anexação sentimental; entro em pânico quando, todo sorrisos, amigo velho ou conhecido de fresca data me vem com conselhos e sugestões. Sobre a escrita, ainda por cima.
Caixa de velocidades com um amplo ponto morto! Soubesse eu onde encontrar uma!