sábado, fevereiro 20

Facebook, genealogias & chatices



Culpa minha, que facilmente me deixo levar e repugno a dizer não. Mas à própria custa irei aprendendo.
Começou com o Facebook. Quando caí em mim estava a receber, além de velhas, novas e desconhecidas amizades, pedidos sem conta para acudir a isto e àquilo, inscrever-me aqui, ir acolá, assinaturas para causas humanitárias e para plantar couves, tratar de bichos, convites para exposições, filmes, bailados... E Joana I pede que lhe mandes um abraço, Joana II quer um beijo, Joana II quer que lhe desejes boa-noite, Joana IV manda-te uma rosa, Joana V faz hoje anos.
Isso já era excessivo, mas caí em pior. Algures em França uma simpática fez-me saber que uma das suas avós e minha mãe eram primas em quarto ou quinto grau, e que ela, através do programa GENI – Everyone's related – 70 million profiles - andava a compor uma árvore genealógica. Portanto, se eu...
Pois sim, muito bem. E, como digo atrás, fraco nas recusas, logo concordei. Em aziaga hora o fiz: diariamente recebo um mail ou dois com acrescentos à árvore familiar. Vai a conta em quatrocentos e sessenta e cinco.Ora é em sétimo grau o avô de fulano, ora é uma certidão de casamento de 27 de Junho de 1849, ora é o décimo aniversário do Lucas amanhã ("não esqueças,manda-lhe um presente!"), ora é a Georgina que vai casar com Louis Albert, ou Amândio Ferreira, tio paterno de Albertina Carvalhosa, nascido a 3 de Dezembro de 1900...
À semelhança de todos os fracos, demoro, vou adiando, mas esta manhã decidi pegar o touro pelos  cornos: abri o Facebook e desactivei. Fui-me ao outro e fiz o mesmo.
Os amigos compreenderão, e da família já alguém disse que é prisão perpétua, mas nela basta-me a célula que vai até aos netos e, para trás, até aos bisavós.