"A
verificação de que estamos em grande, secular e histórica mudança é comum a
muita gente, é visível todos os dias. As balanças de poderes económicos,
sociais, políticos, financeiros, militares, culturais e religiosos, nem sempre
coincidentes, são já hoje o que nem sequer se imaginava há quarenta anos. Não
se sabe se esta mudança, esta transição global e profunda, ainda vai no
princípio ou se vai a meio caminho. Só sabemos que não está no fim. Ao
contrário da mudança quotidiana, permanente, feita de mais ou menos solavancos,
de transformações e ajustamentos imperceptíveis, a transição de que aqui se
fala é mais rápida e mais brutal, a ponto de se poder afirmar que, em poucos
anos, o ponto de chegada se encontra a anos-luz do ponto de partida. Em todas
as mudanças, sempre houve vencedores e derrotados. E sempre foi perigoso lidar
com uns e com outros. Os vencedores afirmam-se dominando, conquistando,
explorando e comandando, à força ou com jeito. Os vencidos reagem sempre mal,
com sabor amargo da derrota, deixando-se submeter ou procurando a vingança.” AQUI