segunda-feira, março 31

Raposas


De vez em quando a tentação é grande, tanto mais que parecem  inconscientes de como seria fácil assentar-lhes uma bordoada no ego, na vaidade, naquela importância de pechisbeque. Mas no silêncio está a paz. Deixa andar.
Empurram-se na ilusão de que têm de ser sempre os primeiros, os do lugar de honra, que o mundo nada mais faz do que olhar para os mais dez isto, os mais dez aquilo, quem tem estrelas, e quantas, quais, onde.
O que tarde ou nunca aprendem é a esconder a ganância, a inveja: mesmo quando sorriem descaem-lhes os cantos da boca, na tez ganham o amarelo do fígado envenenado.
São moles na espinha e no aperto de mão, caminham de lado com manhas de raposa, a risada que conseguem é um gargarejo que sai meio entupido, sincopado de bílis.
Que o Senhor a todos favoreça.