Porque numa rua de vila transmontana, cujo nome agora não interessa, vi uma cinquentona furibunda que à porta da Caixa, socava o marido, repete-se este texto velho de dez anos.
Comparados aos da sharia islâmica os
mandamentos da doutrina cristã são de inegável doçura: nada de apedrejamentos,
amputações, forcas ou crueldades medievais. E no mundo dito ocidental podemos,
com algum orgulho, mostrar aos nossos irmãos árabes - se eles ainda não se
deram conta - que, embora sem termos chegado a uma verdadeira igualdade dos
sexos, entre nós, regra geral, as mulheres não temem ser consideradas como
simples animais de carga ou aparelho reprodutor.
Claro que há aqueles casos de violência doméstica em
que nem os vizinhos gostam de se intrometer, nem a Polícia se apressa a acudir.
E em consequência da igualdade antes mencionada, acontece também que já não são
apenas as mulheres a fugir espavoridas do lar: aqui na Holanda criaram-se os
primeiros refúgios destinados aos homens que se querem pôr a salvo da violência
física e/ou da crueldade mental das suas caras-metades.
Esta sensível medida demorará certamente a ser
adoptada no Arkansas, o estado de que Bill Clinton foi governador antes de
chegar a presidente dos EUA: a legislação estadual estabelece que o marido só
será punido por bater na esposa se o fizer mais de uma vez por mês.