Nas universidades em redor do mundo, de certeza se afadigam cientistas que, em busca de novos fenómenos para medir e estudar, apontam os seus teodolitos para a Blogosfera.
Digo já que acho o
fenómeno uma maravilha. É sonho de menino que queria ter um jornal, uma
emissora, uma tribuna, estar num daqueles balcões palacianos onde reis e ditadores aparecem a discursar.
Você acorda, levanta-se,
liga o computador, alinhava duas frases do que julga pensamento, e lança-as para a World Wide Web.
No instante seguinte estão
elas na Manchúria e no Turquestão, no Canadá, na Patagónia, em Budapeste, Vila
Nova de Milfontes e Cerejais de Cima. Frases suas. Que vão e talvez sejam lidas
- na curiosa tradução da Google - onde você nunca foi, nem em sonhos quer ir.
Mas como quase todas as
maravilhas, também esta tem uma ratoeira: a de lhe dar a ilusão de que, deitando
ao mundo as duas frases que alinhavou, existe, em muitas partes o lêem, lhe
conhecem o nome, apreciam a subtileza do seu pensar, logo de manhã esperam mais frases.
Desiluda-se amigo/a: com
blogue, twitter, iPhone, Facebook e o
resto, você, eu, Lady Gaga, o Príncipe das Astúrias, o senhor Bernardino da
padaria, Lili Caneças, e os restantes sete mil milhões de amarelos, pretos,
esquimós, índios do Amazonas, suecos e minhotos, estamos sós, somos nada.
Não adianta o fraseado. Oito, no melhor nove décadas, vamo-nos, ninguém dá conta que estivemos.